O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse, nesta quinta-feira (10/08), que o real digital – Drex – deve acelerar a redução do uso de papel-moeda no Brasil. “O papel-moeda vai diminuir, mas é difícil prever se vai deixar de existir”, afirmou, em arguição pública no plenário do Senado.
Segundo Campos Neto, há hoje R$ 285 bilhões em circulação em espécie, com queda de R$ 10 bilhões em relação a 2022.
O presidente do Banco Central reafirmou ainda que o BC não terceiriza a gestão de reservas internacionais desde 2018, mas reforçou que a instituição monetária fez isso no passado, inclusive com aval do Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo Campos Neto, 73,6% dos BCs permitem o gerenciamento de reservas por terceiros atualmente. “Diversos países fazem isso, sempre em uma proporção muito pequena. Quando um BC terceiriza a gestão de reservas, é para aprender a lidar com recursos novos”, afirmou.
O que é o real digital?
É uma CBDC (Central Bank Digital Currency), uma moeda digital emitida por Banco Central. Ela é uma representação virtual do real e poderá ser convertida em outras formas de pagamento disponíveis hoje, pois terá o mesmo valor do dinheiro tradicional, podendo ser usada em diversas transações. No entanto, inicialmente, deve ser mais utilizada por pessoas jurídicas.
Como será usado o real digital?
A moeda virtual brasileira será voltada para atividades de atacado. O uso pela população será por meio do real tokenizado. Nesse caso, a representação digital da moeda brasileira será o token de um depósito mantido por instituições financeiras ou instituições de pagamento.
Qual a diferença entre o Drex e o Pix?
O Drex é o dinheiro digital. Já o Pix é o meio de pagamento. No futuro, poderá ser feito um Pix utilizando o Drex, ou seja, poderá ser enviado Drex de um cliente para outro por meio de Pix.
Como o cliente terá acesso ao real digital?
O usuário final terá uma carteira virtual em custódia de um agente autorizado pelo Banco Central, como um banco ou uma instituição de pagamento.
O real digital seguirá as mesmas regras do real físico?
Segundo o Banco Central, o Drex será uma representação digital do real físico hoje em circulação e a política monetária será a base de sustentação de seu valor. Assim, quando o BC movimenta a liquidez da economia, a quantidade de reais digitais em circulação será levada em conta.
O Drex é seguro?
Os testes com a moeda vão mostrar a real segurança, mas diretriz estabelecida para o real digital é que ela mantenha os níveis de segurança e privacidade que há hoje nas operações realizadas no sistema bancário e de pagamentos.
Qual a diferença entre uma moeda digital de varejo e de atacado?
Uma moeda digital de atacado é voltada para transações de valores elevados, envolvendo bancos, cooperativas, instituições de pagamento e eventualmente grandes empresas. Já uma moeda digital de varejo busca atender às necessidades de indivíduos e empresas de todos os portes, podendo ser utilizada para pagamentos e para operações financeiras cotidianas em quaisquer faixas de valores.
O que o real digital traz de novidade?
Além de poder ser utilizado em conjunto com contas bancárias, contas de pagamentos, cartões e dinheiro em espécie, ele permitirá acesso a serviços financeiros que estão sendo desenvolvidos com base em novas tecnologias, como contratos inteligentes e dinheiro programável (valor monetário digital que pode ser programado para ser gasto somente para determinada finalidade).
Qual será a tecnologia usada no real digital?
A rede escolhida para a fase de testes foi a Hyperledger Besu. Ela é baseada na Ethereum, plataforma que usa tecnologia blockchain para registrar transações com ativos digitais, é capaz de executar contratos inteligentes e tem condições de operar em grande escala. Se for bem-sucedida durante o piloto, a Hyperledger Besu pode ser escolhida como tecnologia definitiva da versão tokenizada da moeda brasileira.
Quais são os próximos passos para o desenvolvimento do real digital?
O Drex ainda está em fase de testes e não há uma data exata para o seu lançamento. O que há definido é um cronograma que, ao longo de 2023 e no início de 2024, irá focar na infraestrutura, para desenvolver apenas um tipo de transação e testar a segurança e a privacidade das transações com Drex.
Após esses testes, se todos os requisitos forem atendidos, o Banco Central passará a uma fase de incorporação de novos tipos de transação que pode fazer com que as novas transações sejam liberadas no final de 2024 ou início de 2025. “Se atingirmos um grau de maturidade adequado do projeto e dos participantes do mercado, pretendemos abrir a plataforma para testes com a população ao fim de 2024″, diz nota do BC.
Fonte: Estadão e FolhaPress