O varejo brasileiro passou por algumas transformações significativas desde o início da pandemia da covid-19 e vai ficar mais concentrado e mais internacional. Essa foi uma das afirmações de Marcos Gouvêa, diretor-geral e fundador da Gouvêa Ecossystem, durante sua participação no podcast promovido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). “No ponto de vista de estrutura, o varejo se torna muito mais competitivo, por conta dessa concentração que ocorreu durante a pandemia”, afirma.
Gouvêa também destaca outra consequência desse período, que é a dependência do omniconsumidor 5.1. Esse conceito está muito relacionado com a incorporação digital nesse período. “E talvez a coisa que ficou mais eloquente é exatamente tudo o que significa as vendas pelo e-commerce, as redes sociais e a conveniência”, completou.
A conveniência no varejo também foi outro ponto abordado no podcast. Segundo o executivo, antes o mercado de varejo estava dividido em dois polos, com foco em preço contra o chamado varejo de emoção, que valoriza a experiência do cliente.
“Já vinha nascendo e crescendo o polo da conveniência, que deu um salto durante esse período da pandemia, exatamente precipitado pelo fato de que nós nos tornamos hiperconveniente. Se o e-commerce diz que vai entregar em 3 ou 4 dias, o cliente vai buscar outra opção”, afirma.
Pequenas e médias empresas
As pequenas e médias empresas foram as mais afetadas durante a pandemia. O cenário causado pela crise sanitária serviu para, na maioria dos casos, aumentar a desigualdade entre essas companhias e os grandes varejistas.
Esse aumento na desigualdade passa também pelo acesso ao crédito. Conseguir esse benefício, ainda mais em um momento que muitas empresas precisaram aderir essa alternativa, tornou escasso o acesso ao crédito. Questionado sobre as mediadas que pequenas e médias empresas devem levar em conta no futuro próximo, Marcos Gouvêa destacou a importância de se integrar.
“No momento atual, o sentido é agreguem-se, integrem-se e busquem soluções comuns. O mercado e o ambiente são desafiadores demais para alguém imaginar que vai encontrar caminho sozinho”, explica.
Além da necessidade por mais integração, Marcos também ressaltou a importância das associações empresariais fazerem uma reflexão. “No sentido de que não tem que oferecer discurso, só indicadores e monitoramento de mercado. Ela tem que construir soluções que entreguem, mudar a sua proposta de ser uma representação setorial para se transformar em uma agente de transformação setorial”, diz.
Fonte: Mercado & Consumo